Quando tá tudo dando errado o jeito é ligar o botão “foda-se” e ir pra casa dormir. Sim, dormir. É aquela coisa, não adianta se descabelar, se desesperar, porque não vai resolver. Não vai. Então depois de duas horas de um sono mal dormido é hora de levantar. Um banho demorado, água, bastante água, como se ela pudesse lavar algo de ruim que eu não queira mais. Hora de se vestir. Pronto, vestido. Okay, hora de bagunçar um pouco o cabelo, escovar os dentes e ir. Ainda não. Faltou o perfume. Uso aquele? Não, aquele definitivamente não. 17:30, hora de voltar pro trabalho. O caminho é longo, quer dizer, nem tanto, mais para obesos preguiçosos tudo é mais distante. Gosto de pensar enquanto caminho. E chego a uma conclusão. Acabou! Quer dizer, não gosto tanto assim de pensar enquanto caminho. Odeio finais. Principalmente se for o final daquilo que já me fez um dia dormir sorrindo, esperançoso e feliz. Odeio. Certo, mas ele chegou e a verdade é que há um final pra tudo. Finais, finais e finais. Tô na loja, me irrito com o lixo transbordando no lixeiro e ninguém toma iniciativa de jogá-lo fora. Raiva. Tudo bem, é momentâneo. Olho pro chão, várias caixas, muita mercadoria. Olho pra tudo. E fico pensando em tudo o que consegui. Sorte. Muita sorte. Sempre tive tudo o que desejei. Algumas coisas corri atrás, ralei. Outras vieram facilmente. Mas isso não se aplica a todas as áreas. Há uma, em especial, que me sacaneou a vida toda. Ou talvez eu mesmo venha me sabotando ao longo desses anos. Definitivamente não sei lidar com as coisas relativas ao amor. Alô, bora comer? Tá, abriu um restaurante natural novo, vamos lá. Beleza. A gente se encontra lá. Bjs. Comida que não sei comer, pessoas refinadas, garçons educados demais, tudo fazendo com que o ambiente se tornasse extremamente hostil. Mas não essa noite. Eu não estava lá. Eu estava no sábado, quando ela disse no msn que achava normal a nossa situação e que podíamos perfeitamente ser felizes nessa situação. Desapontado, assim fiquei. Nem respondi mais. Hora de abrir o blog. Escrevi o post “parafraseando stella florence”. Postado. E fui dormir, porque a minha cama é o meu refúgio nesses momentos. Acordado. Hora de planejar a noite, senão piro. “Cevada, cantora lésbica, engenheiros, skoll, sms com a lelly, aviões imaginários ou não, cantor deprimente, mais skoll, banheiro, fotos, banheiro, nostalgia, bebida com nome do órgão genital feminino, fotos, vômito, pula essa parte, fotos, pão da vida.” Ok. Casa. Tô de volta a quarta feira, antes de dormir, antes de ligar o botão foda-se, mandando sms. Lembra qnd eu disse que qnd fizesse certa coisa, a primeira estupidez que faria seria t contar? Poisé, eu fiz. Enviado. Cheguei a conclusão de que não devemos ser 100% sinceros com os outros. Acho que nem eu sou, apenas brinco de ser. E quem se fode sou eu. Então é isso. Adeus. Ou não. Meu adeus é só um João bobo, que sempre volta pra apanhar mais um pouco. Hora de ligar o botão foda-se novamente. Devo dormir. O bom é que vou poder me esparramar bastante na cama, roncar a vontade e não irei mais passar mal com a sua pilha de processos cheios de mofo, e não tem mais você me forçando comer salada no jantar, não tem mais briga pela programação na tv, não tem mais você me cobrando atenção. Aliás, nunca teve nada disso. Idealizei demais? Nem sei mais o que teve, o que não teve, o que deveria ser e o que não deveria. Desculpe. Alguma coisa deu errado em mim, eu não sei te explicar e eu não sei como arrumar e nem sei se tem ajuda pra isso. Mas me mata ter saudade de você e tudo o que pode ser feito é pegar um lanche gelado no supermercado. Me mata ter ciúme, mágoa, solidão e ter que sorrir, porque você não entende. Preciso de Cevada, cantora lésbica, engenheiros, skoll, sms com a lelly, aviões imaginários ou não, cantor deprimente, mais skoll, banheiro, fotos, banheiro, nostalgia, bebida com nome do órgão genital feminino, fotos, vômito, pula essa parte, fotos, pão da vida. Urgente.